Os vinhos da região da Bairrada atraem os consumidores com sua abordagem moderna e cativante

Portugal, apesar de seu tamanho geográfico, apresenta uma notável diversidade entre suas regiões produtoras de vinho, e, na minha perspectiva, a Bairrada é uma das que valoriza profundamente a autenticidade. Conforme expressado pelo saudoso Mestre Saul Galvão, a Bairrada é uma terra em constante evolução. Embora a viticultura na região tenha raízes antigas, ela só foi oficialmente demarcada em 1979. Localizada a oeste do Dão, entre as cidades do Porto e Coimbra, o nome da região deriva do termo “barro,” que reflete a característica do solo local.

Quando se menciona a Bairrada, como observado por Nuno de Oliveira Garcia, é impossível para um apreciador de vinho não reconhecer a qualidade e a forte personalidade de seus vinhos excepcionais. O consumo dos vinhos da Bairrada tem aumentado continuamente ao longo do tempo, e há muito tempo atrás, a região já estava passando por mudanças e inovações. Produtores notáveis como Luís Pato e Carlos Campolargo, entre outros, desempenharam papéis fundamentais na manutenção da qualidade e modernização da Bairrada, mesmo antes dos anos 90 do século passado. Luís Pato liderou experimentos significativos com o envelhecimento da casta Baga em barricas de carvalho francês, enquanto Carlos Campolargo introduziu vinhos atrativos e contemporâneos, frequentemente baseados em castas menos comuns, incluindo algumas variedades estrangeiras.

A região da Bairrada é caracterizada por seu relevo plano e litorâneo, com precipitações abundantes e temperaturas moderadas. Como mencionado anteriormente, a produção de vinho na região remonta ao século X, mas foi durante o século XIX que sua reputação na viticultura e na elaboração de vinhos se consolidou, e essa tradição continua sólida até hoje.

A uva mais proeminente da Bairrada, considerada a casta autóctone, é a Baga, que representa pelo menos metade das vinhas da região. Esta variedade tinta é conhecida por seus taninos ricos e marcantes, conferindo aos vinhos uma notável capacidade de envelhecimento. Entre as variedades brancas, a Fernão Pires, localmente chamada de Maria Gomes, destaca-se, produzindo vinhos aromáticos e florais.

A Bairrada ganhou reconhecimento por seus espumantes, que são intrinsecamente ligados à região devido à alta acidez das uvas e sua baixa graduação alcoólica, características ideais para a produção de vinhos espumantes finos. Os vinhos tintos da Bairrada, com tons de granada e rubi, apresentam um sabor harmonioso e um aroma frutado que, ao longo do tempo, evolui para notas mais complexas.

Os vinhos brancos da Bairrada são notáveis pela longevidade, estrutura e aptidão gastronômica, sendo apreciados pelos portugueses. O espumante Bairrada, especialmente o tinto seco, é um parceiro ideal para a carne de porco grelhada, destacando-se como acompanhamento perfeito para o prato emblemático da Bairrada: o Leitão à Bairrada. Este prato tradicional remonta ao século XVII, quando a produção de porcos excedeu a demanda na região, levando à sua comercialização. O Leitão à Bairrada é assado lentamente em forno a lenha e servido com batatas à portuguesa e vegetais. Em 2011, foi reconhecido como uma das sete maravilhas da gastronomia de Portugal, tornando-se um patrimônio gastronômico e histórico do país.

No que diz respeito a harmonizações, o espumante Murganheira tinto bruto e o Raposeira Super Reserva Rosé são excelentes escolhas para acompanhar o Leitão à Bairrada. Entre os tintos da Bairrada, destaco o Caves Aliança, elaborado com a casta Baga e conhecido por sua notável longevidade. Por fim, para os amantes do vinho branco, o Palácio de Buçaco, da Bairrada, é uma escolha que merece destaque e está disponível no Brasil. Para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de experimentar os vinhos da Bairrada, esta é uma excelente oportunidade para explorar vinhos de grande tipicidade e qualidade. Saúde!

 

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